Passos confiante: "As pessoas não querem voltar para trás"

Portas assumiu durante uma tarde as rédeas da campanha da coligação. A máquina azul-laranja deixou-o por conta e risco. Pôs o capacete e foi elogiar os estaleiros de Viana
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"Todos os dias vou ter um argumento novo para convencer os indecisos", comentava Paulo Portas com os seus assessores, à saída do almoço-comício, ontem, em Ponte de Lima. O primeiro trunfo foi um alerta para o risco de aumento de dívida, em resultado do programa económico dos socialistas. "A coligação prevê redução da divida pública para 107% do PIB. O PS coloca a dívida pública em 117%, 10 pontos acima. Quase 30 mil milhões de euros a mais, somando o que eles fazem à dívida com o que eles estimam no produto", salientou.

O início da contagem de "espingardas", ou votos para a maioria foi, aliás, o mote de uma conversa informal de Passos Coelho com os jornalistas nessa manhã. Mais concretamente os "indecisos" que votaram PSD e CDS em 2011, somando uma maioria absoluta. "Tenho sentido todos os dias, nos contactos com as pessoas, que para elas é cristalino a razão porque tivemos de tomar as medidas difíceis que tomámos. E elas não querem voltar para trás, não querem que nós desperdicemos esta oportunidade, depois dos sacrifícios que passaram", sublinhou Passos na sua intervenção. O presidente do PSD não escondia o seu entusiasmo, depois de ter tido o seu primeiro banho de multidão da campanha, em Arcos de Valdevez. Apesar de se saber que a vila é "laranja" "desde o 25 de Abril, com uma maioria absoluta na autarquia, Passos Coelho ouviu e sentiu o calor dos apoiantes que quase o levaram em ombros. Só não o fizeram, porque o candidato a primeiro-ministro não conseguiu disfarçar o seu desconforto, quando começou a sentir os pés a levantar do chão, içado por dois militantes locais. Acabou por ir...ao colo. "A maioria começa hoje aqui", ouvia-se escapar em gritos do meio da compacta massa humana que avançava na rua principal de Arcos.

Dois homens e uma mulher, ferrenhos sociais-democratas, esperavam Passos com cantares ao desafio, em cujos versos "povo em geral" rimavam com "Portugal" e "Arcos de Valdevez" com "vamos ganhar de vez". O que a "maratona" Portugal à Frente se esqueceu foi de levar "ao menos uma canetinhas", como notou Maria do Rosário Matos, que reclamava da desatenção. "Desta vez nem nos deram nada, nadinha", comentava.

A receção tão amigável de Arcos decerto consolou e inspirou os líderes da coligação para enfrentarem a chuva de ataques da oposição, por causa da anunciada derrapagem no défice, devido ao Novo Banco. Passos desvalorizou, alegando que tal facto "é um mero exercício contabilístico, sem qualquer impacto no dia a dia dos portugueses".

Com o presidente do PSD a ter de vestir o fato de primeiro-ministro para ir, nessa tarde, a Bruxelas, à reunião do Conselho Europeu sobre os refugiados, foi Paulo Portas a assumir a campanha. Mas a máquina azul-laranja não aproveitou a experiência de arruadas do "Paulinho das feiras".

A agenda foi fria, ventosa e cirúrgica. Primeiro uma visita aos estaleiros de Viana do Castelo, onde Portas elogiou a decisão do Governo em ter "salvo" esta infraestrutura de construção e reparação de navios quando "corre risco de vida". Seguiu-se Vila Praia de Âncora, onde ouviu o presidente da Associação de Pescadores, Carlos Presa, contar-lhe como um projeto de engenharia, de mais de meio milhão de euros, cujos " técnicos não deram ouvidos aos pescadores", resultou numa obra no porto, que põe em risco a segurança dos pescadores. "Fica aqui a garantia que transmitirei as vossas preocupações a quem de direito", prometeu. Á saída teve o seu momento, quando cerca de meia centena de apoiantes gritavam "Vitória!

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